Tragédia absoluta.
Foi assim que o ex-presidente do IBGE Roberto Olinto definiu o Censo Demográfico 2022 que ainda não foi concluído no Brasil.
Olinto se baseia nos dados preliminares da pesquisa, afirma que os dados não são confiáveis e pede uma auditoria para verificação da validade dessas informações.
Em entrevista à Folha, o ex-presidente do IBGE chega a admitir até a necessidade de um novo Censo, caso seja confirmada a invalidação da pesquisa.
Um dos problemas apontados é a demora na realização da coleta, que segundo Olinto, deveria ser feita em dois meses.
O Censo começou em agosto do ano passado e ainda não foi concluída a coleta de informações.
Ele cita, ainda, mudanças no processo de elaboração dos questionários, com redução das questões e o afastamento de pessoas tecnicamente bastante experientes tanto na área de pesquisa como de informática.
Cortes de verbas e de pessoal também comprometem a realização do trabalho, destaca o ex-presidente da instituição responsável pelo Censo.
Além disso, na prática, os próprios recenseadores apontaram falhas no treinamento, feito em apenas cinco dias, atrasos no pagamento, erros no cálculo do trabalho desenvolvido.
Após CINCO MESES de realização do Censo, apenas metade dos recenseadores seguem em atuação. Fora os diversos processos seletivos para reposição e até pedido de ajuda de prefeituras, como a do Rio de Janeiro, para colocação de pessoal para finalizar o trabalho.
Outro agravante é a margem muito elevada – 20 POR CENTO – de imputação de dados, que significa liberar essa quantidade de informações da coleta.
Roberto Olinto explica que a margem utilizada em 2010 foi de APENAS DOIS POR CENTO, o que não compromete os resultados.
O Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu o uso do Censo 2022 como base para repasse aos municípios.
Vale lembrar que esta edição do Censo custou DOIS BILHÕES 300 MILHÕES DE REAIS aos cofres públicos.